15.6.10

Apego

Não sou só eu que preciso me desapegar. Então, vai pra todo mundo que tem precisado disso. Anjos, laticínios e outras pessoas prestem atenção.

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Mês passado conheci alguém que se apegou a mim. Finalmente eu descobri o que significa estar do outro lado. Ser o objeto amado, ser alguém por quem outro ser morreria. E foi complicado aceitar que eu não tinha o mesmo amor que essa pessoa tinha comigo. Aceitar que no fim de tudo, se não houver o sim do outro, nossos sonhos utópicos não vão se concretizar. Porque ela não tinha o meu sim. E ela desistiu de mim. 

Imagina você tentar se aproximar sempre de uma pessoa e essa pessoa se afastar de você? Imagina você querer sempre estar perto dessa pessoa que se afasta sempre de você? Querer estar perto, mas saber não ser possível que tal acontecimento se dê? Imagina você sempre estar pensando na pessoa querida e esse pensar atrapalhar seus estudos, suas atividades de um modo geral. Imagina saber, lá no fundo, que no fim das contas estar com determinada pessoa é tudo o que você quer?

Se por acaso você sabe o que significa apenas uma das perguntas acima, não pense que é uma coisa boa o que sente. Esse sentimento é o apego. 

O apego é uma das coisas que mais nos atrelam. Atrelar-se significa estar preso, ou seja, sem liberdade. E olha, ninguém é feliz se não tiver liberdade! Há inúmeras possibilidades nessa vida, e dentro dessas possibilidades há a realização das nossas pretensões. Mas quando tornamos a satisfação das nossas pretensões o ponto máximo de nosso trabalho, uma obsessão, tornamo-nos joguete dos fatos. 

A gente sempre tem a impressão que temos o controle das coisas. O problema é que não temos esse controle. E quando o nosso objeto de desejo nos ignora e sai da nossa vista, qual a sensação? Uma dor indescritível, que só quem amou muito e teve seu carinho se afastando sabe qual dor é essa. Eu já passei por maus bocados por conta desse apego. Quem tiver interesse, leia a segunda postagem desse blog.

O apego é algo realmente triste. Uma vez, Poiel me disse que quando leu minhas postagens, ela chegou a sentir um tanto de pena por mim. Essa pena surgiu por causa da minha tristeza, e essa minha tristeza surgiu por causa do apego. Quanto mais apegado, mais infeliz sem o objeto de apego... Não se apeguem! Amem, mas não se apeguem.

Lembrei de uns versos do Gibran. Acho que ele resume muito bem o que eu quero dizer:
"Nascestes juntos, e juntos ficareis para sempre.
Estareis juntos quando as asas brancas da morte acabarem com os vossos dias.
Ah, estareis juntos mesmo na memória silenciosa de Deus.
Mas que haja espaços na vossa união e que os ventos celestiais possam
dançar entre vós.
Amai-vos um ao outro, mas não façais do amor uma prisão;
Deixai antes que seja um mar ondulante entre as margens das vossas almas.
Enchei a taça um do outro mas não bebais de uma só taça.
Parti o vosso pão ao meio mas não comais do mesmo pão.
Cantai e dançai juntos, mas deixai que cada um de vós fique sozinho.
Como as cordas de uma lira estão sozinhas embora vibrem ao som da mesma
música.
Entregai os vossos corações mas não ao cuidado um do outro.
Pois só a mão da Vida pode conter os vossos corações.
E ficai juntos mas não demasiado juntos:
Pois os pilares do templo estão afastados, e o carvalho e o cipreste não
crescem à sombra um do outro.
"
Então, espero que essa postagem faça bem a todos. =)

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