29.7.22

Castelo

A solidão é um castelo construído às vezes, por muitas mãos. Aquela decepção que nos marca, aquele tratamento desigual, aquela vez que riram de você ou que te trataram como incompetente. Vão nos encastelando, vão nos repelindo e quando vemos, estamos a sós com nossas frustrações e vazios.

É curioso pensar nisso.

Mas castelos são coisas medievais, europeias, não pertencem a mim. Foram construídos para serem fortalezas, para proteger os habitantes dos perigos, de invasores, de pessoas que nos querem mal. Foram meios de nos proteger de coisas que nem existem mais.

É realmente curioso pensar nisso.

Assim como naquelas histórias, os cavaleiros saem de seus castelos para viverem suas aventuras, que nós também saiamos de nossos castelos de solidão, pedras e vazios, em busca de novas aventuras. Agora não para enfrentar dragões, não mais, mas para colher flores, para lançar feitiços e desbravar o caudaloso rio das emoções e a cachoeira da amizade.

10.5.20

Frustração

É a distância entre o que queríamos ser e aquilo que somos.
É a forma que o universo tem para nos mostrar nossa pequeneza.
É agonia quando está associada a incapacidade de movimento.
É isso tudo.

13.12.19

Presente

A vida é rara. Cento e dezoito elementos foram descobertos pelo ser humano, com a possibilidade desse número crescer ao infinito, e, dentre todos esses elementos, apenas um deles possui as características necessárias para que haja vida. E não é apenas isso, há uma série de condições para que a vida aconteça: temperatura adequada, proteção contra raios cósmicos, tempo de luz, presença de nutrientes, água líquida, dentre outras. A vida é tão rara. Tão rara, tão poderosa. Dentre desse impossível que é a vida, duas pessoas quase impossíveis se uniram e deram origem a você. E você, ser quase impossível, conseguiu sobreviver até aqui e gerar vida. Essa vida, tão rara, e da qual você é portadora e criadora. O milagre da vida te pertence.

Algo tão raro tem suas consequências, seus ônus. Essas consequências, apesar de serem pesadas, são marcas da existência de um milagre. Esse milagre deve ser admirado, não temido, não desprezado. O poder de gerar vida é maravilhoso e único, e quem não admira isso não é digno de sentar ao seu lado, muito menos de tocar a vida contigo. Você merece amores plenos, amores que te puxam para cima e para frente, e não migalhas de amor. Mulher, você merece mais. Nunca, jamais, aceite esses amores vazios, amores de vai e vem, amores que não se sustentam, amores de mentira. Você merece mais. Enquanto isso, siga plena.

Entenda o que quero dizer: assuma o poder que você tem. Crie beleza, crie riqueza, crie amor. Você tem o poder nas suas mãos, poderosa criadora de vida.

Fonte da imagem: Instagram.com/elsolquemefalta


15.9.15

O que aprendi sobre aquilo...

Hoje fazem cinco anos que perdi a virgindade. 

Eu aprendi algumas coisas nesse tempo. Sim, foi aos 22 anos, e isso não é nenhuma vergonha. Sou homem, heterossexual, urbano e esperei pelo momento certo, a pressa é tão desnecessária. Foi um momento lindo, de muito amor entre ambos, com muito respeito e afinidade.

Aprendi também que o Eu Resolvi Esperar funciona, mas apenas se o casal se tornar cúmplice e forem curiosos um com o outro. Sexo se aprende fazendo. E uma das maiores fontes de crise e divórcio no casamento, nos anos iniciais, é falta de entrosamento na cama. Tem que ser curioso e buscar conhecer o próprio corpo e o corpo do marido ou da esposa, sempre com muito respeito.

Aprendi que as pessoas podem ser cruéis com o nerd, com o aleijado, com a esquelética e com a gorda, mas que no fim, todos são lindos e desejados, e é possível sim ser feliz no amor e no sexo, independente da sua aparência estar fora dos padrões atuais de beleza (como 99% dos seres humanos). 

Aprendi que acima de tudo, o respeito é fundamental. E não só respeito com o outro, mas respeito consigo mesmo. Uso de preservativo é obrigatório, principalmente quando não se conhece a pessoa muito bem. Inclusive no sexo oral. Dei muita sorte, mas conheci pessoas que não deram tanta sorte assim... Uma pena, pessoas lindas, que diziam "isso nunca vai acontecer comigo" ficando doentes. 

Aprendi que a quantidade é importante, mas não tanto quanto a qualidade.

Aprendi que no fim das contas, o amor é o ingrediente secreto, sem ele, o sexo se restringe a um "risquinho na frente" e/ou um "furinho atrás", sem sabor, é como se está com sede, e se bebe água do mar. Quanto mais se bebe, mais sede se tem. 

Aprendi, por fim, que o sexo não é pecado, como muitos pensam, mas sim a celebração da vida. A partir dele as grandes obras foram realizadas e os grandes nomes da humanidade foram concebidos. 

Então, que celebremos a vida!

4.11.13

A vida..

Chego em casa, pego roupas limpas no guarda roupa, dispo-me e ligo o chuveiro elétrico numa temperatura adequada. Tomo um banho que limpa o corpo e o torna cheiroso. Visto a roupa limpa e guardo a roupa suja num cesto. Vou à cozinha, abro um pacote de sucrilhos coloco num  copo, adiciono leite em pó e água, e misturo até obter o ponto ideal. Cereais levemente crocantes e adocicados. Essa é a refeição da noite, e eu olho o armário e a geladeira para ver o que falta para comprar e planejo comprar o que falta no dia seguinte. O valor do que vou comprar não representa 10% do valor que recebo mensalmente.

Enquanto isso, a menos de um quilômetro daqui, o jovem Kauã, de cerca de 28 anos (não muito mais velho do que eu), está procurando um carro para guardar. As roupas são as mesmas há dias, e estão imundas, assim como seu corpo. Ele sabe que não vai comer nada nessa noite, e a sua próxima refeição irá depender da caridade de alguém que ele "pescar" na rua.. Ou possivelmente num restaurante popular. Esse jovem errou desastrosamente, e hoje vive um dia de cada vez, até prescrever sua pena. Fugido, teme retornar ao seu estado e ser torturado e possivelmente morto por seus antigos inimigos. Assim como ele, há inúmeros homens e mulheres passando pela mesma situação.

Ontem passei duas horas com esse rapaz. Eu fui "pescado", e levei ele pra almoçar. Não sei como, mas entramos no shopping e fomos almoçar na Parmê. Era uma cena interessante, eu andando de chapéu e chinelos com um jovem todo sujo do meu lado, pra cima e pra baixo.. O encontro entre a minha classe social e a dele me fez pensar sobre muitas coisas, e por isso escrevo esse texto. Em primeiro lugar, me chamou a atenção ele ver tudo como se não visse há muito tempo. Ver as novas tecnologias tão de perto, tecnologias nunca antes vistas,  e traçar planos de furto, e que certamente seriam impedidos pela segurança. Mas acho que ele só tava se gabando.. 

Ele não estava habituado àquele ambiente, e quase jogou seu lixo no chão algumas vezes. Quando passávamos à frente de uma lixeira, ele queria comer o que encontrava por cima.. E as pessoas pareciam ignorar aquele rapaz. Não sei o que pensavam, mas parecia que o viam como qualquer coisa, e não notavam que ele era um morador de rua, alguém fora daquele ambiente. Engraçado como o lugar comum é não notar quem está ali, e apenas ver uma massa de carne se movimentando. Ele notava tudo, a expressão das pessoas, a forma como as pessoas eram prepotentes e como algumas notavam sua condição e ficavam olhando pra ele de cara feia.. 

Outra coisa notável era o incômodo do rapaz naquele ambiente.. Notei que ele queria que acabasse logo aquele encontro, pra que ele pudesse sair dali.. Era difícil pra ele permanecer naquele lugar, pois ali ele não se sentia seguro. Tinha medo de ser expulso pelos seguranças, tinha medo de querer furtar alguma coisa e tinha medo dos olhares maldosos de quem o notava. Tinha medo que eu o convencesse a se entregar às autoridades.. Foi um encontro bem difícil pra ele, e um tanto proveitoso para mim. Pude notar a nossa vida e a maneira que a gente desperdiça coisas valiosas. 

A água que bebemos, a comida que comemos, a roupa limpa que vestimos, a cama confortável que nos deitamos todas as noites, a nossa capacidade de se proteger do frio ou do calor, de acordo com a ocasião. Podemos nos distrair com uma boa música, com um bom filme, com uma peça de teatro.. Temos a possibilidade de encontrar alguém especial para construirmos nossas vidas, mas.. O que espera um rapaz fugido, fora do seu estado, sem documentos, e que mora na rua? Que vivências ele estará passando nesse minuto? Que vivências o aguardam? 

Valorize o que tem. Não quero dizer com isso pra nos apegarmos aos bens materiais, o que inclusive vai contra meus princípios, mas que valorizemos o que temos. Não estou dizendo também que não devamos compartilhar esses bens, dentro de nossas possibilidades, devemos compartilhar o que temos, pois isso é uma lei natural da vida. Vivemos por algum motivo, e pelo que vejo, esse motivo é ser útil. Contribuir para o bem estar social e material do mundo que vivemos, das pessoas que nos cercam. 

Quanto mais nos desprendemos dos nossos velhos valores morais, mais nos aproximamos da paz no coração. "E a paz no coração, no meio das dificuldades da vida, não será felicidade?" Há tanta vida pra viver lá fora.. =).








28.10.13

"Não poder se opor a dor é relevar a si." F.A.

"Sobram tantos medos... que nem me protejo mais!"

Frases que norteiam

Esse marcador tem como objetivo trazer citações que eu gosto e que são capazes de gerar movimentos transformatórios em mim... Divirtam-se!

23.8.13

Reclame

Mas que saco, toda vez que quero postar algo, estou com sono demais pra isso! Preciso voltar a escrever!

31.12.12

Novo?

O que dizer nesse ano que se inicia? Que desejo melhorias, que desejo que vocês sejam abençoados ou que esse ano seja só de vitórias? Pera lá, vamos ser realistas. A vida segue um curso natural, um novo ano é só o começo de um novo ciclo de rotação do nosso planetinha em torno do nosso solzinho. De que adianta encher-mo-nos de esperança só pelo começo de um fenômeno natural que ocorre sempre, e sempre, e que, na verdade, tecnicamente, inicia todo dia?... É tudo uma grande ilusão, a quem estamos tentando enganar?

A gente tá esquecendo de uma coisa. Escolhemos esse dia por um único motivo: foi no ano zero que se diz que Jesus veio ao mundo... A esperança está nisso. Quando se encara Jesus com desdém, se vê apenas um legislador moralista, ou um enganador dos homens. Quando se encara Jesus apenas racionalmente, o que se vê são apenas ensinamentos comuns. Mas quando se mergulha de corpo e alma nos seus ensinamentos, quando se aplica o que o Mestre disse na vida, tudo ganha maior expressão e sua inteligência se manifesta de modo único e se percebe que os ensinamentos dele têm vida própria e que vivendo-os, seremos felizes. 

Bom, Jesus disse uma coisa que será minha mensagem de fim de ano. Tudo estava ainda relativamente calmo na Palestina e Jesus estava no lago de Genesaré. Ele subiu no alto de um pequeno monte e começou a falar pra uma pequena multidão que estava ouvindo, atenta. Ele iniciou o Sermão da Montanha, que segundo Gandhi, Kardec, e outros, encerra toda a moral de que necessitamos. Uma das coisas que ele disse nessa tarde quente foi um norteador:

"Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque, aquele que pede, recebe; e, o que busca, encontra; e, ao que bate, a porta se abrirá. E qual de entre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? E, pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem? Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas."
Mateus 7; 7-12 

Nessas palavras ele nos traz a ideia do valor do trabalho. Como queremos um ano novo se não nos tornamos homens novos? De verdade, que esse ano seja de renovação. Não adianta nada eu desejar um ano de grandes realizações, se na vida cotidiana nós não nos levantarmos e irmos à luta! Vamos nessa! Essa música fala disso: E vamos à luta!

Bom 2013 a todos!

17.7.12

Direto de direita

Saudade
Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já…
Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida…
Saudade é sentir que existe o que não existe mais…
Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam…
Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.
E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.
O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.

30.12.11

A vida

"A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já passaram-se 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.
Desta forma, eu digo:
Não deixe de fazer algo que gosta, devido à falta de tempo,
pois a única falta que terá,
será desse tempo que infelizmente não voltará mais."

Mário Quintana

18.8.11

Mesmo assim


“As pessoas são irracionais, ilógicas e egocêntricas. Ame-as mesmo assim.

Se você tem sucesso em suas realizações, ganhará falsos amigos e verdadeiros inimigos. Tenha sucesso mesmo assim.

O bem que você faz será esquecido amanhã. Faça o bem mesmo assim.

A honestidade e a franqueza o tornam vulnerável. Seja honesto mesmo assim.

Aquilo que você levou anos para construir, pode ser destruído de um dia para o outro. Construa mesmo assim.

Os pobres têm verdadeiramente necessidade de ajuda, mas alguns deles podem atacá-lo se você os ajudar.
Ajude-os mesmo assim.

Se você der ao mundo e aos outros o melhor de si mesmo, você corre o risco de se machucar. Dê o que você tem de melhor mesmo assim.”

Madre Teresa de Calcutá

15.4.11

Carentes

As pessoas estão carentes de amor. Saia na rua, olhe nos olhos das pessoas, e verá a carência quando te fitarem com esperança na rua. As boates estão cheias, os bares também, em todo lugar, pessoas procuram amor, procuram companheirismo. Amor é companheirismo... Antes eu achava que amor era uma afeição muito grande, mas não! Amor é companheirismo! As pessoas precisam de alguém que esteja ao lado delas, dando segurança. 

O que fazer num mundo onde todos estamos carentes de amor? Me deram a resposta, e estou tentando. Devemos buscar a afeição sem interesse, através da amizade, que se tornará amor num futuro. Todos nós somos carentes de amor, mas também todos nós somos credores do amor. Precisamos amar mais, para que o amor se faça presente nas nossas vidas. Ninguém liga pra você? Ligue para as pessoas... As pessoas te procuram por interesse? Procure as pessoas sem interesse... As pessoas não te amam, afinal? Então ame as pessoas!

"Todo dia de manhã é nostalgia das besteiras que fizemos ontem..." Fernando Anitelli

18.1.11

É Razoável Pensar Nisto

A paciência não é um vitral gracioso para as suas horas de lazer. É amparo destinado aos obstáculos.

A serenidade não é jardim para os seus dias dourados. É suprimento de paz para as decepções de seu caminho. 

A calma não é harmonioso violino para as suas conversações agradáveis. É valor substancial para os seus entendimentos difíceis.
 
A tolerância não é saboroso vinho para os seus minutos de camaradagem. É porta valiosa para que você demonstre boavontade, ante os companheiros menos evolvidos.

A boa cooperação não é processo fácil de receber concurso alheio. É o meio de você ajudar ao companheiro que necessita.
 
A confiança não é um néctar para as suas noites de prata. É refúgio certo para as ocasiões de tormenta.
 
O otimismo não constitui poltrona preguiçosa para os seus crepúsculos de anil. É manancial de forças para os seus dias de luta.
 
A resistência não é adorno verbalista. É sustento de sua fé.
 
A esperança não é genuflexório de simples contemplação. É energia para as realizações elevadas que competem ao seu espírito.
 
Virtude não é flor ornamental. É fruto abençoado do esforço próprio que você deve usar e engrandecer no momento oportuno. 

André Luiz

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Estou de mudança, Mas essa mensagem vai comigo pras minhas novas responsabilidades que virão. Como se diz? Tá na hora de vagabundo crescer...

7.1.11

Feridas

"Maurício disse carinhosamente:
—Tudo passa, menina Patrícia. O tempo cura feridas.
—Mas deixa cicatrizes — respondi."

Patrícia, no livro 'Violetas na Janela'

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Eu sempre pensei o que eu responderia pra Patrícia se eu fosse o Maurício, desde que eu li o livro, lá pelos idos de 2005... E nunca consegui encontrar uma resposta que fosse satisfatória. Maurício respondeu que 'cicatrizes não doem', mas isso não havia me satisfazido à época e até hoje não me satisfaz.

A vida ensina muito, e hoje eu tenho uma resposta que faz o maior sentido pra mim. Histórias que eu passei, histórias que eu vi, me ensinaram que quando se fala de feridas, temos duas alternativas: ou olhamos pras cicatrizes e  lembramos da dor que um dia passamos, revivendo o sofrimento de antes; ou olhamos as cicatrizes, e, ignorando-a, vivemos nossas vidas, olhando pra frente e prosseguindo.

Assim, se a Patrícia me falasse que as feridas deixam cicatrizes, eu responderia isso. Você escolhe qual caminho vai seguir. Olhar pra cicatriz, revivendo a dor e sofrendo-a de novo, ou então olhar pra frente e seguir.

29.12.10

Natal

"Jesus não veio além do horizonte azul para fazer da dor o símbolo da vida, mas para fazer da vida o símbolo da verdade e da liberdade. Jesus não veio ensinar aos homens a elevar igrejas suntuosas ao lado de casebres miseráveis e de habitações frias e escuras, mas veio para fazer do coração do homem um templo, e de sua alma um altar, e de sua mente um sacerdote."
(Khalil Gibran)

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Tem noção da grandeza dessa frase acima? Da primeira?

9.12.10

Anjos também têm medo

Essa semana eu percebi algo interessante. Anjos também têm medo.

E por terem medo, muitas vezes sofrem, calados, ou não, sofrem, choram, esperneiam, brigam. Na verdade, anjos são gente, e por serem gente também, cometem os mesmos erros que os outros seres humanos. Anjos também crescem, evoluem, são incompreendidos e quando são incompreendidos é que os anjos mais se entristecem e emputecem, e se humanizam mais e mais. 

Anjos caem do céu todos os dias. No entanto, muitos deixam de ser anjos quando o mundo, a vida, as pessoas que os cercam, fazem com que percam a inocência e se tornem humanos. Quando os anjos se tornam humanos, eles sofrem, choram, esperneiam, são incompreendidos. No entanto, anjos não vêm à toa ao nosso mundo. Eles têm a missão de proteger e libertar corações solitários e vazios e tristes. Por isso os anjos são tão especiais. 

E mesmo se tornando humanos, os anjos realizam suas missões, amando, protegendo, libertando. Mas como muitas vezes são incompreendidos, sofrem tanto por vezes, e no fim, têm medo. Medo de se assumirem anjos e libertarem a si mesmos. E então, pra não mais sofrer, os anjos resolvem se calar e ficar no tanto faz. E ficam no tanto faz, perdendo a alegria, o tesão pela vida, e bate a melancolia. 

Melancolia é a saudade do céu de onde os anjos vieram...

Anjos, a vida é bela! Aprendam comigo, um homem ridículo, limitado, fraco, mas que não teme a dor, porque sabe que a dor vem pra lavar a alma! Não temam, encarem de frente tudo, e sejam vocês mesmos. Mantenham a palavra, doa a quem doer, porque se vocês não forem vocês mesmos, quem será? Se vocês não forem vocês, a missão pode falhar, e os corações solitários, tristes e vazios continuarão solitários, tristes e vazios... Não temam, porque alguém nesse mundo ama muito vocês e estará sempre do lado de vocês, mesmo sendo ele um ser humano.

1.11.10

O amor

"O amor é substância criadora e mantenedora do Universo, constituído por essência divina. É um tesouro que, quanto mais se divide, mais se multiplica, e se enriquece à medida que se reparte. Mais se agiganta, na razão que mais se doa. Fixa-se com mais poder, quanto mais se irradia. Nunca perece, porque não se entibia nem se enfraquece, desde que sua força reside no ato mesmo de doar-se, de tornar-se vida. Assim como o ar é indispensável para a existência orgânica, o amor é o oxigênio para a alma, sem o qual a mesma se enfraquece e perde o sentido de viver." Joanna de Ângelis

O amor tem essa característica impressionante! Hoje mais cedo passei por uma senhora com quem dividi chocolate um dia (era Cacau Show... haja amor pra compartilhar um Cacau Show! haha) e me lembrei que eu nunca havia falado com essa senhora antes e o chocolate que dividi com ela ficou inesquecível na memória dessa mulher. Pra constar, essa senhora é toda torta, tem uma cifose braba e por viver sozinha e sem tratamento, essa senhora é agressiva, fala sozinha e enfim, é uma pessoa complicada. Enquanto todos os outros ignoram essa mulher, eu procuro cumprimentá-la e dar o melhor pra ela (Cacau Show, por exemplo... rs) e eu acho engraçado que desde o episódio do chocolate, essa senhora me trata com certa simpatia.

"Muitas vezes basta ser colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida", e eu concordo muito com essa frase. Afinal, amar nem sempre é mover mundos por alguém, mas é principalmente se preocupar com mínimos detalhes, como o sorriso que aquela senhora deu quando compartilhamos um doce. O Amor é o sentimento mais forte que há e o ser humano mais forte é aquele que mais ama.

É algo que irradia e todos os que estão em volta do ser humano que ama sentem esse sentimento e são agraciados pela beleza que esse sentimento traz consigo. Como diz a Joanna, o amor não se entibia, porque sua força está no ato de tornar-se vida... E ele torna-se vida incessantemente. Se você ama (eu disse ama e não deseja), agradeça sempre por ser forte e conseguir amar. E se você não ama, eu recomendo severamente... Porque quem ama felicita e felicita-se. Quando se compreende que o amor é o que mantém a coesão do Universo, nos sentimos imersos no amor divino, porque entendemos que se estamos vivos, aprendendo, evoluindo, amando, sentindo, felizes ou tristes, enfim, é por causa do infinito amor que nos cerca, que os materialistas chamariam de Natureza e nós espiritualistas chamamos de Deus.

21.10.10

Acolhimento


Qual palavra definiria melhor o amor do que acolhimento? Muita gente, quase todo mundo, na verdade, considera o amor como sendo apenas uma expressão do desejo, um desejo direcionado a uma outra pessoa. No entanto, isso não é amor. Amor é o sentimento que temos quando acolhemos alguém ou somos acolhidos por alguém. Está longe de ser o sentimento que temos quando nos interessamos por alguém ou simplesmente gostamos de alguém. 


21.8.10

Amor e Eros - Joanna de Ângelis

O amor se expressa como sentimento que se expande, irradiando harmonia e paz, terminando por gerar plenitude e renovação íntima. Igualmente se manifesta através das necessidades de intercâmbio afetivo, no qual os indivíduos se completam, permutando hormônios que relaxam o corpo e dinamizam as fontes de inspiração da alma, impulsionando para o progresso.

Sem ele, se entibiam as esperanças e deperece o objetivo existencial do ser humano na Terra. As grandes construções do pensamento sempre se alicerçam nas suas variadas manifestações, concitando ao engrandecimento espiritual, arrebatando pelos ideais de dignificação humana e fomentando tanto o desenvolvimento intelectual como o moral. Valioso veículo para que se perpetue a espécie, quando no intercurso sexual, de que se faz o mais importante componente, é a força dinâmica e indispensável para que a vida se alongue, etapa-a-etapa, ditosa e plena.

Nos outros reinos — animal e vegetal — manifesta-se como instinto no primeiro e fator de sincronia no segundo, de alguma forma embriões da futura conquista da evolução. Adorna a busca com a melodia da ternura e encanta mediante a capacidade que possui de envolvimento, sem agressão ou qualquer outro tipo de tormento.

Sob a sua inspiração as funções sexuais se enobrecem e a sexualidade se manifesta rica de valores sutis: um olhar de carinho, um toque de afetividade, um abraço de calor, um beijo de intimidade, uma carícia envolvente, uma palavra enriquecedora, um sorriso de descontração, tornando-se veículo de manifestação da sua pujança, preparando o campo para manifestações mais profundas e responsáveis.

Como é verdade que o instinto reprodutor realiza o seu mister automaticamente, quando, no entanto, o amor intervém, a sensação se ergue ao grau de emoção duradoura com todos os componentes fisiológicos, sem a selvageria da posse, do abandono e da exaustão.

A harmonia e a satisfação de ambos os parceiros constituem o equilíbrio do sentimento que se espraia e produz plenitude. A libido, sob os seus impulsos, como força criadora, não produz tormento, não exige satisfação imediata, irradiando-se, também, como vibração envolvente, imaterial, profundamente psíquica e emocional.

Quando o sexo se impõe sem o amor, a sua passagem é rápida, frustrante, insaciável... Por outro lado, os mitólogos definem Eros, na conceituação antiga do Olimpo grego, como sendo a divindade que representa o Amor, particularmente o de natureza física. Eros teria nascido do caos primitivo, portanto, espontaneamente, como manifestação da vida afetiva.

A partir do século 6º antes de Cristo passou a ser representativo da Paixão, e teria tido uma origem diferente, uma gênese mais poética, comparecendo como filho de Hermes e Afrodite, ou como descendente de Cronos e Gê, ou de Zéfiro e Íris, ou ainda, de Afrodite e Marte...

Foi objeto de culto particular e especial em Téspias, Esparta, Samos, Atenas, merecendo esse culto ser associado ao que se dispensava a Afrodite, Cantes, Dionísio e Hércules. Por extensão, passou a representar o desejo sexual, a função meramente decorrente do gozo sensualista, dos prazeres e satisfações sexuais.

Posteriormente, os romanos identificaram-no como Cupido, filho de Vênus, inicialmente representado como um adolescente, enquanto na Grécia possuía a aparência de uma criança algo maliciosa, que se fazia conhecer com ou sem asas, arco e flecha nas mãos. Foi tido como o mais poderoso dos deuses durante muito tempo.

O importante, porém, é que, em nosso conceito pessoal, o amor transcende os desejos sexuais, enquanto Eros, que pode ser portador de sentimento afetivo, caracteriza-se pelos condimentos da libido, sempre direcionada para os prazeres e satisfações imediatas da utilização do sexo. O amor é permanente, enquanto Eros é transitório.

O primeiro felicita, proporcionando alegrias duradouras; o segundo agrada e desaparece voraz, como chama crepitante que arde e gasta o combustível, logo se convertendo em cinzas que se esfriam...

Eros toma conta dos sentidos e responde pelas paixões desenfreadas, pelos conflitos da insatisfação, que levam ao crime, ao desar, ao desespero. Tendo, por objetivo imediato e inadiável, o atendimento dos desejos mentais do desequilíbrio sexual, é responsável pela alucinação que predomina nos grupos sociais em desalinho.

Assomando em catadupas de posse enceguecida, não confia, envenena-se pelo ciúme, transtorna-se pela insegurança, fere e magoa, derrapando em patologias sexuais devastadoras e perversões alucinantes.

O amor dulcifica e acalma, espera e confia. É enriquecedor, e, embora se expresse em desejos ardentes que se extasiam na união sexual, não consome aqueles que se lhe entregam ao abrasamento, porque se enternece e vitaliza, contribuindo para a perfeita união. O amor utiliza-se de Eros, sem que se lhe submeta, enquanto esse raramente se unge do sentimento de pureza e serenidade que caracterizam o primeiro.

Os atuais são dias de libido desenfreada, de paixão avassaladora, de predominância dos desejos que desgovernam as mentes e aturdem os sentimentos sob o comando de Eros. Não obstante, o amor está sendo convidado a substituir a ilusão que o sexo automatista produz, acalmando as ansiedades enquanto alça os seres humanos ao planalto das aspirações mais libertadoras.

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Joanna, Joanna... Sempre sabe expressar o que estou sentindo... *_*

8.8.10

Aflições

"Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora; mas para isto vim a esta hora." Jesus de Nazaré - Evangelho de João, cap. 12, vers. 27.

Interessante a postura de Jesus frente à própria morte. Não negou, não esperneou, não fez birra, não teve o menor ímpeto de covardia. Olhou para o futuro e encarou com a coragem e a ousadia que lhe eram características. Por mais que estivesse perturbado, sua envergadura o fazia ver com clareza o futuro que lhe aguardava, e a dor que viria era desconsiderável para ele. Afinal de contas, não foi para aquela missão que ele tinha vindo? Ele não sabia dos percalços, das dificuldades e da possibilidade de ser assassinado brutalmente? Não sabia? Todavia, ele fugiu de seus objetivos na Terra?

Jesus sempre foi um modelo e um exemplo, um guia para que não nos perdêssemos. Bem-aventurados os que seguem o exemplo dele. Essas pessoas são as mais felizes da Terra. Da mesma forma que Jesus encarou a dificuldade como algo indispensável, que era importante para que a missão dele não falhasse. Nem a morte desfez o ânimo do incansável Mestre. Ele sabia que a dor fazia parte e por meio do seu ânimo, ele nos mostrou que postura devemos ter diante da dor. Sem esperneios, sem perder a fé no futuro e a confiança em Deus. Encarando de frente, como algo inevitável, importante, que nos faz maiores e melhores.

Que nós possamos encarar a dor da mesma forma. Confiemos mais no futuro! Não percamos a esperança! Se não temos aquilo que mais queremos, que tenhamos a consciência de que tem algo muito maior envolvido. Deus não dá ponto sem nó. Tudo que nos acontece é para nosso próprio melhoramento, nosso adiantamento, nosso progresso. A dor pode vir, porque ela também é ferramenta que temos para nos melhorarmos... Encaremos a dor de frente, e vivamos!

19.7.10

Dia do amigo

Feliz dia do amigo aos tais!

Mensagenzinha do Dedeco, meu autor preferido... lol

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Perante os Amigos - André Luiz (do livro Sinal Verde, psic. por Chico Xavier)

O amigo é uma bênção que nos cabe cultivar no clima da gratidão.

Quem diz que ama e não procura compreender e nem auxiliar, nem amparar e nem servir, não saiu de si mesmo ao encontro do amor em alguém.

A amizade verdadeira não é cega, mas se enxerga defeitos nos corações amigos, sabe amá-los e entendê-los mesmo assim.

Teremos vencido o egoísmo em nós quando nos decidirmos a ajudar aos entes amados a realizarem a felicidade própria, tal qual entendem eles, deva ser a felicidade que procuram, sem cogitar de nossa própria felicidade.

Em geral, pensamos que os nossos amigos pensam como pensamos, no entanto precisamos reconhecer que os pensamentos deles são criações originais deles próprios.

A ventura real da amizade é o bem dos entes queridos.

Assim como espero que os amigos me aceitem como sou, devo, de minha parte, aceitá-los como são.

Toda vez que buscamos desacreditar esse ou aquele amigo, depois de havermos trocado convivência e intimidade, estaremos desmoralizando a nós mesmos.

Em qualquer dificuldade com as relações afetivas é preciso lembrar que toda criatura humana é um ser inteligente em transformação incessante e, por vezes, a mudança das pessoas que amamos não se verifica na direção de nossas próprias escolhas.

Quanto mais amizade você der, mais amizade receberá.

Se Jesus nos recomendou amar os inimigos, imaginemos com que imenso amor nos compete amar aqueles que nos oferecem o coração.

17.6.10

Nova viagem

Amigos. Vim aqui avisar que minha produção vai dar uma parada por um tempo. Preciso de uma instrospecção mais efetiva, então vou guardar minhas reflexões pra mim por um tempo. Quanto tempo vai levar, não sei. Mas ficarei mais quieto por enquanto. Da última vez que fiz isso, deu muito certo. =)

15.6.10

Apego

Não sou só eu que preciso me desapegar. Então, vai pra todo mundo que tem precisado disso. Anjos, laticínios e outras pessoas prestem atenção.

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Mês passado conheci alguém que se apegou a mim. Finalmente eu descobri o que significa estar do outro lado. Ser o objeto amado, ser alguém por quem outro ser morreria. E foi complicado aceitar que eu não tinha o mesmo amor que essa pessoa tinha comigo. Aceitar que no fim de tudo, se não houver o sim do outro, nossos sonhos utópicos não vão se concretizar. Porque ela não tinha o meu sim. E ela desistiu de mim. 

Imagina você tentar se aproximar sempre de uma pessoa e essa pessoa se afastar de você? Imagina você querer sempre estar perto dessa pessoa que se afasta sempre de você? Querer estar perto, mas saber não ser possível que tal acontecimento se dê? Imagina você sempre estar pensando na pessoa querida e esse pensar atrapalhar seus estudos, suas atividades de um modo geral. Imagina saber, lá no fundo, que no fim das contas estar com determinada pessoa é tudo o que você quer?

Se por acaso você sabe o que significa apenas uma das perguntas acima, não pense que é uma coisa boa o que sente. Esse sentimento é o apego. 

O apego é uma das coisas que mais nos atrelam. Atrelar-se significa estar preso, ou seja, sem liberdade. E olha, ninguém é feliz se não tiver liberdade! Há inúmeras possibilidades nessa vida, e dentro dessas possibilidades há a realização das nossas pretensões. Mas quando tornamos a satisfação das nossas pretensões o ponto máximo de nosso trabalho, uma obsessão, tornamo-nos joguete dos fatos. 

A gente sempre tem a impressão que temos o controle das coisas. O problema é que não temos esse controle. E quando o nosso objeto de desejo nos ignora e sai da nossa vista, qual a sensação? Uma dor indescritível, que só quem amou muito e teve seu carinho se afastando sabe qual dor é essa. Eu já passei por maus bocados por conta desse apego. Quem tiver interesse, leia a segunda postagem desse blog.

O apego é algo realmente triste. Uma vez, Poiel me disse que quando leu minhas postagens, ela chegou a sentir um tanto de pena por mim. Essa pena surgiu por causa da minha tristeza, e essa minha tristeza surgiu por causa do apego. Quanto mais apegado, mais infeliz sem o objeto de apego... Não se apeguem! Amem, mas não se apeguem.

Lembrei de uns versos do Gibran. Acho que ele resume muito bem o que eu quero dizer:
"Nascestes juntos, e juntos ficareis para sempre.
Estareis juntos quando as asas brancas da morte acabarem com os vossos dias.
Ah, estareis juntos mesmo na memória silenciosa de Deus.
Mas que haja espaços na vossa união e que os ventos celestiais possam
dançar entre vós.
Amai-vos um ao outro, mas não façais do amor uma prisão;
Deixai antes que seja um mar ondulante entre as margens das vossas almas.
Enchei a taça um do outro mas não bebais de uma só taça.
Parti o vosso pão ao meio mas não comais do mesmo pão.
Cantai e dançai juntos, mas deixai que cada um de vós fique sozinho.
Como as cordas de uma lira estão sozinhas embora vibrem ao som da mesma
música.
Entregai os vossos corações mas não ao cuidado um do outro.
Pois só a mão da Vida pode conter os vossos corações.
E ficai juntos mas não demasiado juntos:
Pois os pilares do templo estão afastados, e o carvalho e o cipreste não
crescem à sombra um do outro.
"
Então, espero que essa postagem faça bem a todos. =)

7.6.10

Vivência

"Enquanto o espírito do homem se engolfa apenas em cálculos e raciocínios, o Evangelho de Jesus não lhe parece mais que repositório de ensinamentos comuns; mas, quando se lhe despertam os sentimentos superiores, verifica que as lições do Mestre têm vida própria e revelam expressões desconhecidas da sua Inteligência, à medida que se esforça na edificação de si mesmo, como ensinamento do Pai." 
Narcisa, no livro Os Mensageiros, de André Luiz (psic. por Francisco C. Xavier)
Faz um tempo que eu costumava me engolfar em cálculos e raciocínios. Os ensinos de Jesus ficavam tão distantes da aplicação, justamente porque eu ainda via esses ensinamentos como ensinamentos comuns. Não via que cada palavra, cada frase de Jesus está inundada de luz que nos dá a segurança necessária pra seguir o caminho. Via Jesus como um homem comum, que para ajudar seu povo, quebrou todos os paradigmas da sua época, visando um bem maior. Jesus foi pelos caminhos do ahimsa, da não-violência, mostrar que o julgo romano podia ser superado. Exatamente como Gandhi fez sob o julgo inglês.

No entanto, a vida sempre nos ensina muitas coisas e eu aprendi que na verdade, o que aconteceu foi que Jesus, por amor à verdade, morreu na cruz, para nos mostrar que a vida é muito mais do que bens materiais ou a presença de pessoas queridas por perto. Ele mostrou, com seus exemplos e ensinamentos, que há algo muito maior envolvido no fenômeno da vida. Ele trouxe um significado, um porquê para a vida que o materialismo não possui, independente da escola.

E tudo que ele passou veio cheio de significado. E hoje minha vivência religiosa melhorou bastante. Continuo o mesmo cético de antes, só acredito naquilo que me provam por a mais b, mas eu sinto e converso com a Divindade praticamente o dia todo. É como uma oração sem fim. Minha vivência religiosa deixou de ser mística e passou a ser racional. E por ser racional ela é constante. Eu não preciso de rituais, templos, sacerdotes, nada disso. Só preciso pensar.

Em breve vou começar uma série de postagens utilizando os evangelhos e aplicando na nossa vida. Vai ser legal.

4.6.10

Alice 3

"Vamos, não há razão para chorar assim!" Disse Alice. "Eu lhe aconselho deixar isso pra lá nesse minuto." Normalmente, ela se dava bons conselhos (embora raramente os ouvisse) e às vezes repreendia-se tão fortemente, que chegava a ficar com lágrimas nos olhos. Lewis Carrol

Essa semana comecei a ler o livro de Alice. Um enxame de questionamentos, reflexões, conclusões, discursos se fez na minha mente. Já li metade do livro, digamos, estou devorando-o. Eu acredito que Alice representa todo aquele papo de padrões e seguir padrões.

Engraçado como muitas vezes agimos como Alice. Não ouvimos a voz da nossa própria consciência. E quando fazemos besteira, nos repreendemos tão fortemente! Mas olha, povo, são reflexões minhas que posto aqui, esse blog deixou de ser blog-diário faz tempo! Também, com tanta divulgação fica difícil! Mas eu tento trazer coisas da minha vida pra cá, acho que é uma boa.
 
O que estou dizendo é que devíamos nos ouvir mais. Uma vez um amigo me disse que eu estava no caminho certo, e que era melhor que eu não me desviasse. Eu acho que está na hora de ouvir esse amigo. A Joanna também tem me falado muita coisa. Espero ouvi-la também. Mas hoje, a vez é do Lewis Carrol.

Porém, antes de mais nada, ela esperou alguns minutos para ver se diminuiria ainda mais: ficou um pouco nervosa com isso, “porque precisa ter um fim, não é?”

É, Alice ficou nervosa por não ter resolvido alguma situação. Quantas e quantas vezes não ficamos nervosos por não haver um fim?  Mas aí é que tá, não precisa ter um fim. Pode ser uma história que não acaba, sempre continua. Afinal, morremos?

3.6.10

Ciúme

Eu juro, um dia paro de citar Joanna... Mas acho que vai ser um bom ponto de partida pra postagem.

"Se for estabelecida uma dependência emocional, logo o amor se transforma e torna-se um tipo de ansiedade que se confunde com o verdadeiro sentimento. Eis porque, muitas vezes, quando alguém diz com aflição eu o amo, está tentando dizer eu necessito de você, que são sentimentos muito diferentes. O amor condicional, dependente, imana uma pessoa à outra, ao invés de libertá-la. Quando não existe essa liberdade, o significado do eu o amo, o transforma na exigência de você me deve amar, impondo uma resposta de sentimento inexistente no outro." Joanna de Ângelis

Então, considerando isso, o que seria o ciúme? Não é sinônimo de posse? Não é essa dependência do outro, não é pôr no outro nossas expectativas frustradas? O ciúme é algo que quando se sente, significa que o amor não é real, é aparente. O amor é sentimento que liberta, enquanto o ciúme é algo que aprisiona... Eu aqui, crente, crente que meu amor era maduro,  e tô aqui sentindo ciúme...

É, somos humanos...

Mas considerando Joanna, quando se cria uma dependência emociolal, o amor se transforma em ansiedade que se confunde com o verdadeiro sentimento, em outras palavras, o verdadeiro sentimento está lá, guardadinho, só esperando pra desabrochar. 

O que faremos então? De nada vale ficar chorando o leite derramado. Vou lutar pra combater esse ciúme e amar verdadeiramente. Mas consideremos, é somente eu quem precisa combater esse ciúme?

26.5.10

Mais um pouco de Joanna

"Amor, imbatível amor (Joanna de Ângelis) 
O amor é substância criadora e mantenedora do Universo, constituído por essência divina. É um tesouro que, quanto mais se divide, mais se multiplica, e se enriquece à medida que se reparte. Mais se agiganta, na razão que mais se doa. Fixa-se com mais poder, quanto mais se irradia. Nunca perece, porque não se entibia nem se enfraquece, desde que sua força reside no ato mesmo de doar-se, de tornar-se vida. Assim como o ar é indispensável para a existência orgânica, o amor é o oxigênio para a alma, sem o qual a mesma se enfraquece e perde o sentido de viver.

É imbatível, porque sempre triunfa sobre todas as vicissitudes e ciladas. Quando aparente — de caráter sensualista, que busca apenas o prazer imediato — se debilita e se envenena, ou se entorpece, dando lugar à frustração. Quando real, estruturado e maduro — que espera, estimula, renova — não se satura, é sempre novo e ideal, harmônico, sem altibaixos emocionais. Une as pessoas, porque reúne as almas, identifica-as no prazer geral da fraternidade, alimenta o corpo e dulcifica o eu profundo. O prazer legítimo decorre do amor pleno, gerador da felicidade, enquanto o comum é devorador de energias e de formação  angustiante.

O amor atravessa diferentes fases: o infantil, que tem caráter possessivo, o juvenil, que se expressa pela insegurança, o maduro, pacificador, que se entrega sem reservas e faz-se plenificador. Há um período em que se expressa como compensação, na fase intermediária entre a insegurança e a plenificação, quando dá e recebe, procurando liberar-se da  consciência de culpa.

O estado de prazer difere daquele de plenitude, em razão de o primeiro ser fugaz, enquanto o segundo é permanente, mesmo que sob a injunção de relativas aflições e problemas-desafios que podem e devem ser vencidos. Somente o amor real consegue distingui-los e os pode unir quando se apresentem esporádicos.

A ambição, a posse, a inquietação geradora de insegurança — ciúme, incerteza, ansiedade afetiva, cobrança de carinhos e atenções —, a necessidade de ser amado caracterizam o estágio do amor infantil, obsessivo, dominador, que pensa exclusivamente em si antes que no ser amado. A confiança, suave-doce e tranqüila, a alegria natural e sem alarde, a exteriorização do bem que se pode e se deve executar, a compaixão dinâmica, a não-posse, não-dependência, não-exigência, são benesses do amor pleno, pacificador, imorredouro.

Mesmo que se modifiquem os quadros existenciais, que se alterem as manifestações da afetividade do ser amado, o amor permanece libertador, confiante, indestrutível. Nunca se impõe, porque é espontâneo como a própria vida e irradia-se mimetizando, contagiando de júbilos e de paz. Expande-se como um perfume que impregna, agradável, suavemente, porque não é agressivo nem embriagador ou apaixonado...

O amor não se apega, não sofre a falta, mas frui sempre, porque vive no íntimo do ser e não das gratificações que o amado oferece. O amor deve ser sempre o ponto de partida de todas as aspirações e a etapa final de todos os anelos humanos. O clímax do amor se encontra naquele sentimento que Jesus ofereceu à Humanidade e prossegue doando, na Sua condição de Amante não amado."

Fala a verdade, Joanna arrasa, não?

24.5.10

Padrões - 3

Eu não quero ter alguém pra namorar simplesmente porque todo mundo namora. Eu não quero ter um carrão porque todo mundo quer ter. Eu não preciso de um salário de cinco dígitos só porque todo mundo quer ter esse salário. Eu não tenho de ser o melhor porque o melhor ganha mais. Eu não preciso de muito pra ser feliz. Não é porque o mundo é cão que eu vou sair latindo.

Assim, eu quero, eu preciso me libertar dos velhos padrões do mundo. Mas lá no fundo, lá na Sombra que o Jung falava, ainda é Barrabás e tudo que ele representa que eu quero. Mas já me cansei de andar com Barrabás, Jezabel ou Balaão... Eu quero mais, eu quero o Cristo! Eu quero a Deus! Eu preciso me libertar imediatamente. Não quero mais viver como o homem-velho. Eu quero ser o homem-novo e tudo o que ele representa.

Esse conflito faz com que, ao lado das rosas do trabalho do bem, existam espinhos de tédio que tendem a crescer e me faz perder o ardor inicial. As dificuldades no caminho, o calvário que é Amar, os outros que nem ao menos se sensibilizam com seu trabalho, tudo isso desanima. Mas o tédio que advém da nossa não-libertação é absurdamente doloroso, quando nós já adquirimos a consciência de que precisamos nos libertar, e não permitimos, devido aos atavismos primitivos e padrões que os outros exigem de nós.

A Joanna (de Ângelis) tem um texto que fala um pouco disso, do qual vou extrair um pouco:
     "O processo de evolução do ser tem sido penoso, alongando-se pelos milênios sob o impositivo da fatalidade que o conduzirá à perfeição. Dos automatismos primevos nas fases iniciais da busca da sensibilidade, passou para os instintos básicos até alcançar a íntelígêncía e a razão, que o projetarão em patamar de maior significado , quando a sua comunicação se fará, mente a mente, adentrando -se, a partir dai; pelos campos vibratórios da intuição. 
     Preservando numa fase a herança das anteriores, o mecanismo de fixação das novas conquistas e superação das anteriores, torna-se um desafio que lhe cumpre vencer. Quanto mais largo foi o estágio no patamar anterior, mais fortes permanecem os atavismos e mais dificeis as adaptações aos valiosos recursos que passa a utilizar. 
     Porque o trânsito no instinto animal foi de demorada aprendizagem, na experiência humana ainda predominam aqueles fatores afligentes que a lógica, o pensamento lúcido e a razão se empenham por substituir. 
     Agir, evitando reagir; pensar antes de atuar; reflexionar como passo inicial para qualquer empreendimento; promover a paz, ao invés de investir na violência constituem os passos decisivos para o comportamento saudável. 
     A herança animal, no entanto, que o acostumara a tomar, a impor-se, a predominar, quando mais/arte, se transformou em conflito psicológico, quando no convívio social inteligente as circunstâncias não facultaram esse procedimento primitivo."
Eu acho que ela tem razão...

23.5.10

Vilarejo

comp:  Marisa Monte, Pedro Baby, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes

Há um vilarejo ali
Onde areja um vento bom
Na varanda, quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão

Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão
Terra de heróis, lares de mãe
Paraiso se mudou para lá

 Por cima das casas, cal
Frutas em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonho semeando o mundo real

Toda gente cabe lá
Palestina, Shangri-lá
Vem andar e voa
Vem andar e voa
Vem andar e voa

Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar

Em todas as mesas, pão
Flores enfeitando
Os caminhos, os vestidos, os destinos
E essa canção

Tem um verdadeiro amor
Para quando você for

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Onde fica esse vilarejo?

17.5.10

Desejos

Desejos são como pássaros intrujões que se alojam em nosso peito, sem se importar com consequências e sem se importar com nossa vontade. Porque desejo é diferente de vontade. A vontade é algo constante, enquanto que o desejo é ocasional. Pássaros sim, e migratórios, porque eles duram apenas num lapso, que pode durar segundos, horas, dias, semanas, anos, mas que um dia cessa. E quando eles se vão, podem deixar marcas, ou não. Podem ser algo que por mais que o tempo passe, retorna em algum momento e podem ser algo que cessa abruptamente e nunca mais volte.

Ai, ai, desejos... Chocolate, beijo na boca, minutas, água, comida. Desejos são coisas inevitáveis. Agora o que fico pensando é o que fazemos com nossos desejos. Colocamos eles em caixas lacradas? Permitimos que eles se tornem corcéis loucos? Fazemos deles o foco central de nossas vidas? Ignoramos que eles existem? O que fazemos com nossos desejos?

Particularmente, eu costumo fazer muito das perguntas acima. Eu tenho desejos que não gostaria de ter, tenho desejos que gostaria de nunca ter tido, tenho desejos que me atrapalham, tenho desejos que gostaria de desejar, tenho desejos de coisas que nunca vou obter e outros desejos que me permito ter. E então eu me pergunto quais desses desejo são frutos de imposições sociais e quais realmente eu tenho.

Porque pode não parecer, mas o chocolate que a tia dava quando fazíamos o que ela nos pedia agora se transformou em outra coisa e agimos de olho em alguma recompensa. Convenções sociais podem sim determinar que desejos nós teremos. Quem disse que precisamos namorar pra ser feliz? Quem disse que pra ser feliz nós temos que ter um excelente emprego, carrões, celulares, e muito dinheiro? Quem disse? A sociedade disse. E a partir disso, nós temos esses desejos.

Conhecer-se é fundamental pra que a gente saiba até onde vai nossos desejos e onde começa os desejos da sociedade. Essa a grande epifania que havia dito. Epifania pode ser definida como uma compreensão súbita de uma grande verdade. Desde que eu descobri isso, tudo ficou mais fácil pra mim aceitar. E isso me deixou feliz. Mas essa melhora no aceitar levou a uma certa insatisfação, mas enfim, são coisas da vida.

Eu tava com saudade de escrever assim sem compromisso de ter uma mensagem. Só estou pondo pra fora alguns sentimentos. É, tá bom.

Conselho

Hoje mais cedo estava tão triste. Mas engraçado como as coisas são, no meio da fossa, toca essa música no rádio. É, coisas da vida...

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Conselho - Zé Roberto e Adilson Bispo

Deixe de lado esse baixo astral
Erga a cabeça enfrente o mal
Que agindo assim será vital para o seu coração
É que em cada experiência se aprende uma lição
Eu já sofri por amar assim
Me dediquei mas foi tudo em vão

Pra que se lamentar
Se em sua vida pode encontrar
Quem te ame com toda força e ardor
Assim sucumbirá a dor (tem que lutar)

Tem que lutar
Não se abater
Só se entregar
A quem te merecer
Não estou dando nem vendendo
Como o ditado diz
O meu conselho é pra te ver feliz

11.5.10

As cinco etapas

Todos nós sofremos, isso é fato. Vivemos cheios de limitações que o corpo proporciona, há a independência do outro que pode fazer coisas foras do que esperávamos, há inúmeras formas para que acontecimentos que não esperávamos nos causem dor e sofrimento. Conhecer o sofrimento e superar os sofrimentos é algo essencial se quisermos viver bem. Todos nós temos o direito de buscarmos a felicidade, isso é quase um axioma, não?

Há cinco etapas no sofrimento humano. A primeira etapa é a negação e fuga. Quando algo dá errado não acreditamos, dizemos 'só pode estar de brincadeira'... A negação é uma tentativa desesperada de que aquele sofrimento não exista. Então vem a fuga, que é muito parecida com a negação. Dizemos 'ah, isso é por causa daquilo', ou então 'ah, isso não é comigo'. A própria negação é uma forma de fuga, elas são irmãs gêmeas. Mas às vezes a fuga se mostra mais presente.

Depois vem a frustração. Não ter conseguido se manter constante na zona de conforto em que se encontrava é algo que paralisa, e quanto mais paralisado, mais e mais distante ficamos do que achávamos ser pra sempre... Ai, a frustração dói! Mas dói profundamente... Dói mais pelo orgulho ferido, pela mágoa de não ser maior do que ninguém, porque por mais que neguemos, achamo-nos os melhores do mundo! E quando as coisas não saem de acordo com o plano... Dói.

A terceira etapa é a aceitação. 'É, não tem jeito, aconteceu'. A etapa da aceitação costuma ser bastante difícil, e costuma não aparecer com frequência. Imagina só, aceitarmos que coisas ruins podem acontecer conosco, nós que somos os maiorais?... Conversando com meus amigos hoje, cheguei à conclusão que não conseguir chegar nessa etapa causa raiva, indisposição, mal-humor, irritação, e outras coisas. Cuidado! Essas outras coisas podem causar doenças...

Depois vem a resignação. 'Não adianta chorar o leite derramado. Vamos limpar...' Essa etapa é o começo da efetiva melhora, etapa em que o sofrimento começa a parar de doer...Resignar-se não é aceitar, essa etapa já passou, lembrem-se. Resignar-se é saber que por mais que tenha acontecido, isso não é motivo pra desistir ou se enraivecer. É saber que a vida continua, independente daquele sofrimento. A resignação é ativa, ela começa a fazer a mudança acontecer.

E por fim a superação. 'Agora que limpei, bola pra frente!' Ah! A superação! Quantas luzes se fazem quando se supera um sofrimento! A superação é bela como as virgens gregas da antiguidade clássima! Uma beleza que resiste aos séculos e que sempre será lembrada. A superação é o seguir adiante. Quando se supera, aquele sofrimento parece tão mesquinho, e estamos mais maduros, mais prontos, mais felizes (porque não?).

Imagine uma chuva que quanto mais se sobe, seus efeitos são menos sentidos. O primeira etapa é o chão, onde há as enchentes, a segunda etapa é mais suave, só molha, e assim por diante. A superação é o estar acima das nuvens que provocam a chuva, vemos o sol, a imensidão e ficamos felizes porque não estamos mais no molhado, na chuva.

Essas cinco etapas são entremeadas por muitas outras, e na maioria das vezes nós paramos antes de passar pelas cinco etapas, e isso gera outros sofrimentos. Geralmente a etapa em que se paralisa é a primeira. Não se consegue aceitar. Mas interessante é que se quisermos sair daquele sofrimento vitoriosos, é importante passar por todas as etapas. Não desanime!

26.4.10

Alice 2

Qual a semelhança entre um corvo e uma escrivaninha?

A loucura tem o dom de se expressar de diversas formas. Mas, a pergunta que faço hoje é: o que seria loucura? 

Um psiquiatra experiente diria que a loucura é a realidade do louco. Isso faz muito mais sentido quando se se imagina no lugar de um louco qualquer. Ele vê, interage, se comunica, vivencia o mundo de maneira diferente. Mas quando se presta atenção, a conclusão que se chega é a de que o que chamamos ilusão, é o que ele considera realidade. 

Uma pessoa fanática diria que a loucura é o desacreditar no que ela acredita. Pra um pacifista, a guerra é loucura, assim como para um ativista ecológico, a poluição é loucura. Assim, cada um em sua área, avalia a loucura de algum ponto de vista. 

Para mim, a loucura é tudo isso. Mas existe uma loucura, muito mais divertida, que me faz ter plena consciencia da grandeza da vida. Veja só: as pessoas nos exigem coisas o tempo todo. Nos exigem principalmente atitudes e jeitos de ser. Aquele papo todo de condicionamentos que eu falei algumas postagens atrás. Homens vestem calças e mulheres vestem saias. Homens possuem cabelos curtos e mulheres cabelos longos. Homem não chora, homem tem de ser forte de qualque jeito. Mulher tem obrigação de saber serviços domésticos, mulher tem que ser múltipla. E por aí vai. 

Eu acredito que essa loucura que estou falando, que não é a loucura estudada pelo psiquiatra, nem a loucura dos ativistas, pode ser encarada como o rompimento de velhos paradigmas. Um velho paradigma: cada um por si. Outro: a vida foi feita para o sexo. Outro: a vida foi feita para que nós ganhemos dinheiro. O ser humano que não segue esses paradigmas é louco... 

Mas um louco muito mais consciente que os sãos... 

Um louco enxerga a realidade de maneira diferente da pessoa sã. Assim, enxergar o mundo sem todos aqueles condicionamentos nada mais é do que a loucura de que falo. E sim, ser louco é muito bom! Você se diverte muito, porque você está livre! Você pode brincar na rua, sorrir a qualquer momento, gargalhar sempre que puder, vivenciar a experiencia amorosa sem culpas, porque você sabe que um relacionamento não é só sexo e passeios... 

Enfim, seja louco! 

Como havia dito na última postagem: "Sim, você está completamente louca. Pirada, com um parafuso a menos. Mas eu tenho um segredinho pra te contar: as melhores pessoas são assim." Alice nos mostra isso. É possível sim romper com os velhos paradigmas. 

Os Espíritos da codificação tem uma frase perfeita quando se fala de romper com os velhos paradigmas: "Falta para isso a vontade. Muitos dizem: 'eu quero', mas essa vontade está só nos lábios."

Quem não entendeu ainda a história da minha procura pela princesa, romper os velhos paradigmas é dar passos em direção à ela...

23.4.10

Alice 1

Tudo que eu faço de legal posto aqui? É. Tá bom.

Hoje fomos nós lá no cinema do Caxias Shopping e minhas reflexões pós-filmes começaram logo no começo. "Ai! Eu preciso de papel e lápis! Papel e lápis!" Fiquei doido pra escrever sobre sentimentos. Depois eu escrevo. Mas vamos falar das reflexões pós-filme.

A frase do filme: "sim, você está completamente louca. Pirada, com um parafuso a menos. Mas eu tenho um segredinho pra te contar: as melhores pessoas são assim." Engraçado os simbolismos que o filme traz consigo: desde o começo a temática da coisa é: o que o mundo espera de nós e o que estamos dispostos a dar ao mundo? Na verdade, a história original de Alice já traz essa discussão... 

E estive pensando sobre essas coisas. E não cheguei a conclusões. Depois eu volto a postar... Afinal de contas, eu posso, sou o dono desse blog, não?

16.4.10

Ser um homem

O que significa exatamente ser um homem? Que características fazem com que as pessoas olhem para mim e digam: " - Hmm, ali está um legítimo exemplar de homem."? O que define um homem? Para muitas pessoas, se homem significa ser do sexo masculino. Para outros, homem é, além disso, uma pessoa de cabelos curtos, vestido de calças. que trabalha para sustentar uma família. Um cara sério, ou um cara que bebe cerveja e curte futebol...

Todavia, existem certas qualidades que acredito que definem muito melhor um homem do que calças, cervejas e futebol. Responsabilidade, senso de dever, fidelidade, sabedoria e, acima de tudo, ser um cara que ama da mesma forma que uma criança ama. Assim, não exigirei nada de ninguém. Apenas amarei. E serei fiel, responsável, respeitador, honesto.

12.4.10

Mentes criminosas...

Eu sei que eu disse que não ia postar durante um tempo, mas os fatos de hoje mudaram radicalmente minha decisão...

O ônibus o qual eu estava voltando pra casa foi assaltado hoje (ontem). 

Contando a história: havia um homem na fila, vestindo social, com uma bolsa pequena, tipo uma agenda, ou bíblia, que conversava comigo enquanto esperávamos o ônibus. Trocamos comentários e comi um pouco de amendoim que ele me ofereceu. Fizemos uma certa amizade, coisa de segundos, mas foi uma conversa interessante.

Entramos no ônibus sentei num banco e o cara de social foi pra trás. Como de costume, dormi. Acordei com uma confusão entre o cara de social e o homem que sentava do meu lado. E vi a arma na mão do cara de social. Percebi que ele estava a assaltar o ônibus, mas ele não me assaltou... Ele só pegou os celulares caros e de algumas pessoas. 

Eu gostaria de entender essas mentes criminosas. Engraçado que ele estava a altos papos comigo e observando as pessoas na fila com celulares caros. O que se passa na cabeça de um homem daqueles? 
Quando ele desceu do ônibus (nas proximidades da Nova Holanda), eu pensei só uma coisa: 'Deus querido, esse homem é um pobre coitado... Que o Sr ilumine os caminhos dele...' 

Interessante que a mente criminosa não escolhe ser humano. Independente da aparência, do estado social, da raça, da religião, a mente criminosa pode surgir em qualquer parte. 

Os comentários feitos após o assalto no ônibus. Todos criminosos. 

'Gravei o rosto dele, na próxima vez sento ele de porrada', 'A sorte é que ele não me viu',  'Gente assim tem que 'passar' logo, assim eles aprendem', 'Ele é da Nova Holanda', repetidos aqui e ali. É, a mente criminosa não escolhe ser humano...

Fico pensando: caramba, ele é um ser humano, como eu e você! Pra quê tanto ódio? Caramba, ele não te viu? Mas ele viu outras pessoas. Pra quê tanta indiferença? Ele é de uma comunidade carente? Pra quê tanto preconceito social?

O quê fazer pra melhorar isso? Apenas reclamar?

11.4.10

Sumiço temporário...

Minha vida tá uma loucura! Estou querendo escrever um texto sobre amizade há dias! E não tá rolando...
Então vou organizar minha vida e depois retorno a postar, inclusive o texto sobre amizade.

Mas basicamente o que eu quero dizer é que estou descobrindo a amizade agora. O que significa ser amigo? Estou chegando a umas conclusões interessantes, e assim que me organizar um pouco eu volto.
Queridos e queridas, amo vocês, ok?

Ah, dia 18 vai rolar um mutirão em São Gonçalo pra ajudar os desabrigados...Quem quiser ir fala comigo, ok? No meu perfil tem meu email, pode ir lá e numa boa, eu entro no email todo dia...

8.4.10

Relacionamentos

Final do filme do Chico, estava eu saindo do shopping com as palavras do Chico na cabeça: "Se as potências humanas da visão, do olfato, do tato, dentre outras, podem ser utilizadas para o bem, por quê o sexo deve ser sentenciado às trevas?" Então encontrei um amigo que descobri estar namorando de novo. No ônibus, encontrei um grupo que estava indo pra noitada. O papo era todo assim: 'panhei ela', 'panhei ele', 'então eu fiz sem camisinha mesmo' ou 'eu terminei, não dava mais'.

Fiquei com aquelas três informações na cabeça, daí lembrei de coisas. Lembrei de todas as reflexões e conversas que tive nos últimos meses, e senti um pouco de compaixão pelos outros. Catei meu celular e escrevi pra Queija: "toda vez que leio notícias do mundo maior, sinto um desejo grande de estar por lá. As pessoas se envolvem de maneira tão egoísta e não consideram o amor espiritualizado. Quero amar, mas tá ruim." 

Tá, a mensagem foi cortada, a Queija não leu, mas a frase ficou na minha cabeça. Amar daquele jeito é extremamente complicado, quando não temos em mente que para chegarmos até o fim precisamos abandonar muitas coisas, sair da zona de conforto dos nossos antigos vícios e se permitir crescer para Deus, assumindo que pra ser feliz amando daquele jeito devemos negar muitas coisas, inclusive nós mesmos...

Me lembro de todas as notícias do Mundo Espiritual, e principalmente dos poemas da Auta de Souza, que mostram a vida por lá de um jeito muito especial. Ela diz que os sofrimentos por que passamos em vida se refletem em bênçãos no Mundo Espiritual. Assim, sair da zona de conforto dos vícios e assumir uma postura transformativa causam muito sofrimento, justamente por estarmos indo contra séculos de atraso, tanto nosso quanto dos outros. 

E é justamente por sofrer que muitos de nós abandona a atitude auto-transformativa e volta aos mesmo erros do passado. Amar é muito difícil. Muito mesmo. Mas é isso que eu quero, Amar! Por mais difícil que seja respeitar a liberdade do outro, aceitar que o outro tem todo o direito de ser feliz longe de você, que o outro pode não te amar... Eu creio firmemente que irei conseguir amar sem esperar nada de volta de ninguém.

29.3.10

Cálculos rodam...

Estou plenamente envolvido com minhas atividades laboratoriais e outras, não estando com tanta frequencia onde eu queria estar: em casa, com meus discos, meus livros, meus amigos, minha família, editando meu blog, etc. E eu fico me perguntando o porquê de tudo isso. Não sei ao certo o que estou fazendo, nem porque estou fazendo, eu só sei que estou fazendo. É como caminhar por um caminho e não saber o destino. Até que nível isso é saudável? Fico me questionando isso o tempo todo.

Cálculos rodam no laboratório, cálculos rodam no dia a dia, cálculos rodam e pra onde vai o coração? Parece que no fim de tudo, apenas o que se faz é importante, e não o que se sente. Isso é um processo muito complicado em todos os aspectos. As pessoas se distanciam e se matam e cometem erros sobre erros, tudo pra quê? Pra 'se dar bem' no final? Pessoas pisam umas sobre as outras, e ignóbeis e ignorantes sofrem e choram por não saber que o que importa nessa vida é algo que se chama amor.

O que fazer para resolver essa questão tão danosa e perigosa para nós? Lembro-me de um texto que fiz há uns três anos, que falava disso tudo. Existe em mim dois leões, que me sussurram e falam aos ouvidos o que preciso ouvir e o que não preciso também. Um leão é o leão da ação e o outro da indiferença. O leão da indiferença me diz: "- Desista. Esse mundo não tem mais jeito, desiste logo." Enquanto que o leão da ação me diz: "- Eduque, meu filho."

Mas que educação é essa? Será essa educação materialista e egoísta, que forma imbecis repetidores dos velhos valores do mundo, ou será a educação que motiva a mudança social do mundo e a mudança moral dos homens? Hoje eu vi o significado etimológico da palavra educação. Ela significa, a grosso modo, ação de conduzir. E conduzir é a mesma coisa que imbecilizar? Sempre achei que conduzir fosse fornecer meios para que se ande sozinho, sem depender de pessoas ou muletas, nem de pessoas-muletas.

Dessa forma, uma análise mais profunda vê a educação como um ato de amor, que torna as pessoas independentes e interessadas na mudança de si mesmas e do mundo que as cercam.

Como resolver isso tudo? A resposta é simples e bastante discutida: a passos de formiga, com palavras e exemplos. Lembro de uma frase (acho que de Emmanuel) que diz assim: "- As palavras convencem, mas o exemplo arrasta." Então vamos nós fazer nosso trabalho de formiguinha? Vamos!?

E eu tenho certeza absoluta de que tudo vai dar certo! ;D

11.3.10

Coisas

Estarei num período envolvido com questões científicas agora, então eu não sei como vão ficar as postagens. Quero atualizar meu blog todos os dias, mas muitas coisas impedem que isso aconteça, sendo a principal essa coisa que eu tenho com a ciência, que de tempos em tempos volta pra que eu esqueça das coisas importantes da vida, que são os sentimentos. Mas eu não esqueço deles, por isso, estou escrevendo enquanto os cálculos rodam! hahaha! (Não vou explicar meu trabalho, mas as coisas que faço levam um tempo para ficarem prontas, independentemente de mim).

Eu não sei até que ponto vocês entenderam a história da princesa, mas estou trabalhando nisso e em breve farei uma série de textos falando da princesa, que no fim das contas nada mais é do que o próprio cavaleiro, que usa a armadura para ocultar-se do mundo, o cavaleiro que tem um ímpeto de continuar procurando, procurando por algo que desconhece.  Então, por hora, só há o link abaixo: Eros e Psiquê - Fernando Pessoa.

2.3.10

Padrões 2

Resolvendo uma pendenga filosófica com um laticínio amigo meu.

O erro é a coisa mais comum do mundo inteiro. Somos imperfeitos, isso é fato, independende da nossa crença, todos sabemos disso. Mas aí é que tá: se um cego esbarra na gente na rua, compreendemos e até ajudamos o cego, mas se alguém que enxerga esbarra na gente, dizemos: vá lá! Tá me vendo não?!

Numa análise mais profunda e figurada, somos todos cegos que tem o direito de esbarrar nos outros. Errar é característica humana, e por errar é que o homem consegue aprender e evoluir.

Um bolo ruim é pretexto pra se melhorar o bolo. Um trabalho mal feito é pretexto para se melhorar o trabalho. O que nos separa do que somos do que queremos ser é a frustração. Então é sempre assim: aspiração, erro, frustração, progresso. Essa é uma das formas da dor operando renovação. Dói errar, porque dói a frutração. E considerando que a maioria de nós somos orgulhosos, não conseguir uma determinada posição, status, é  algo que machuca bastante.

Mas aí é que entra a questão. Quando se fala de produtos eles tem que seguir padrões. Assim, existem as ISOs. ISO 9000, ISO 14000, etc. Quando um produto não está dentro das normas, ele é descartado. Da mesma maneira como se faz com produtos, foram criados padrões e normas de  comportamento. A pessoa que não segue esses padrões é excluída. Isso existe em qualquer cultura, em qualquer sociedade que já foi vista até hoje.

Assim, se eu não bebo eu sou excluído do grupo de pessoas que bebem. Se eu não guardo rancores, eu sou classificado como um bobo, se eu emudeço quando me atacam, sou classificado como fraco. E por aí vai. Esses padrões nos cercam e o que vemos como erros, na maioria das vezes não passam de coisas que fazemos que estão fora de padrões que não foram estabelecidos por nós!

Quando eu falei dos padrões, não me referi aos avisos divinos da consciência, que nos avisam dos excessos. Esses são os primeiros freios. A voz da consciência, ou voz da razão nos avisa se estamos saindo dos eixos, isto é, se estamos nos excedendo. Se esses avisos não funcionam, aí vêm os freios efetivos, que nos mostram, daí a um tempo, que o caminho que estávamos tomando não nos levam a nada. Os freios efetivos chamam-se dor e morte. Mas quando se fala de excessos, alguns padrões ajudam a não partir para esses excessos.

Por exemplo, vestir-se. Vestir-se é um padrão que teve início no frio da europa. Mas imagina se não nos vestíssemos... A zona que ia ser! Um padrão que nos ajuda a não partir para os excessos. O problema é quando se cria uma ditadura no modo de se vestir! Daí a moda criando anoréticas.

Eu me pergunto até que ponto esses padrões são bons ou ruins.

25.2.10

Padrões

Eu estava pensando em coisas pra escrever nesses dias, mas eu não cheguei a conclusões razoáveis.Eu tava querendo continuar a escrever sobre as minhas reflexões pós-COMEERJ, reflexões vindas de lá e reflexões que eu tive nos últimos dias. Não sei se vai rolar.

Ontem eu tava lendo (pela 10ª vez!) um presente da Giane, "O Encantador de serpentes", e percebi certas coisas que me chamaram atenção. O que que tem de tão importante no erro? Olha, se o erro não fosse importante, acredite, ele não existiria. Mas ele existe. E o pior de tudo: nós fugimos dele. Talvez porque estejamos acostumados a ser aprovados e desaprovados mediante padrões. Os padrões do mundo são considerados certos e a fuga dos padrões é o errado.

Ora, quem criou esses padrões? Certamente não fui eu nem tampouco você. Então por quê seguí-los? Por quê temos de abandonar sonhos muitas vezes, por conta dos padrões que não criamos? Estou pensando em muitas coisas, no que é importante pra mim, no que considero essencial pra ser feliz nesse mundo, mas os velhos padrões sempre surgem na figura de um estranho, de um colega de trabalho, de um pai, de uma mãe, que seja. E eles sempre exigem uma postura que às vezes não queremos, somente para que não fujamos dos padrões.

É tão estranho isso tudo.

Fico lembrando da obra de Huxley. Um admirável mundo onde as pessoas não nasciam, eram produzidas, onde estar dentro dos padrões é a condição única da sociedade. Não se aceitava de modo algum que pessoas pudessem seguir suas próprias vidas. Todos eram obrigados e condicionados a trabalhar de acordo com o script previamente traçado.

E pensando na obra do Huxley, chego à conclusão de que o condicionamento de que ele falava não é algo meramente ficcional, que hoje somos condicionados de forma semelhante à do admirável mundo novo. O homem não chora, o homem não erra, a mulher é frágil,  a criança é menos, o velho é inútil, o gordo é feio, o trabalho é ruim, a droga é comum, estamos presos em condicionamentos e mais condicionamentos! Será que esse é o caminho? Será que agindo de acordo com os padrões alcançaremos a tão desejada felicidade? Ou será que a velha escravidão estará presente?

Eu quero sorrir e cantar, quero encantar serpentes e ser encantado pela vida! Eu quero e eu vou!

22.2.10

Casulos e armaduras

"Como posso alcançar o desconhecido, se ao conhecido me apego?"

Voltei da COMEERJ com essa frase na cabeça, e uma semana depois ainda mantenho ela aqui, o que é muito bom.

Alguém falou que éramos altamente privilegiados por estarmos naquele encontro, que nos traz tantas reflexões e até mesmo sabedoria vinda dessas reflexões. Algumas pessoas me acham sábio, apesar de eu não ser. Acho que se há alguma sabedoria em mim, é devida às reflexões que começam desse encontro anual, no período de carnaval. A COMEERJ é o começo da busca investigativa, que desvenda a mim mesmo, me fazendo me ver nu, sem a armadura da personalidade, sendo mais eu.

E é justamente dessa armadura que eu quero escrever hoje.

Depois da COMEERJ, eu mudei minha percepção com relação às coisas e às pessoas, e agora que eu sei que o que vemos das pessoas não é quem elas são, mas sim uma armadura de orgulho, mesquinharia, indecisão, preconceito, uma segunda natureza, que nada tem a ver com a realidade de cada um. O que nós somos não é o que aparece, e sim, algo invisível e maravilhosamente belo. Não vemos o que há de verdadeiramente belo nas pessoas, mas acho que agora estou conseguindo enxergar melhor.

A armadura do orgulho, por ser a nossa segunda natureza, nós nos iludimos e achamos que nunca mudaremos, que seremos sempre lagartas, feias, lentas e limitadas. Mal percebemos que estamos num casulo e que a qualquer momento seremos borboletas. 

Aí entra a lei de evolução. Muitos ainda estão na fase de lagarta, outros, começando a construir o casulo, e outros ainda estão se metamorfoseando lá dentro. Alguns, raros, estão rompendo a casca e começando a entrever a luz. Eu não sei ao certo em que fase estou. Por vezes, me sinto lagarta. Na maioria das vezes, construindo o casulo, mas eu gosto de acreditar que estou me metamorfoseando. No entanto, às vezes eu me sinto como se estivesse entrevendo a luz, pelo furo do casulo. 

Olho pra luz e tenho medo. Vejo as coisas e as pessoas lá fora e penso "será que lá fora será melhor?" E penso em tudo que aprendi, todos os preconceitos e velhos valores do mundo, e tenho medo de encarar a nova realidade da vida, onde tudo tem mais cor, onde a liberdade é a lei e o amor o lema. Flores, flores e mais flores me aguardam, mas prefiro calar e não empreendo o esforço necessário para sair do casulo. O que me impede? Por que não simplesmente sair e conhecer? 

A resposta: "me apego ao conhecido".

Os velhos valores são o que eu tenho, me apegar a eles parece o melhor caminho. A porta larga de que falou Jesus. É mais fácil se acomodar no passado, afinal, na acomodação o orgulho não é ferido, o egoísmo pode continuar existindo e todos os vícios continuarão lá. Acomodação. Escravidão. Continuamos infelizes e nos martirizando por coisas que fazemos e pensamos, ou então buscando nos prazeres fugidios, nos 18 segundos de um orgasmo, no tempo do efeito da droga, procuramos algo que não sabemos o que é, e continuamos a procura até nos cansarmos do casulo e tomarmos a decisão: "eu quero". 

Nessas horas, quando a gente se dá conta de que não dá mais, preferimos a porta estreita, e num esforço que dói, machuca, num processo lento, e pensamos que voltar pro casulo é a melhor opção, só que  não dá mais pra continuar lá dentro, há um mundo a desvendar, há mistérios para sondar, há muito o que descobrir! Então nós vamos, quando descobrimos que o junto ao casulo há a armadura que impede que quem nos ama nos conheçam e impede que nós mesmos nos conheçamos. 

Vemos que a única maneira de preservar o que nós somos é abandonar a armadura e sair do casulo. E é isso que eu pretendo fazer.

Desapegar-me do conhecido e ir além.

18.2.10

Os três castelos

Ontem eu suspirei a liberdade
E num sonho eu vi nascer o
Que julgava ser a realidade

No entanto, a vida,
Líquido amargo no começo,
Mas doce na primavera de si mesma,
Me fez ver e enxergar

Porque nem sempre enxergar é ver
Ver, nós vemos com os olhos
Mas enxergar se enxerga com o coração

Às vezes temos sede e pensamos ter fome
Às vezes achamos que tá bom, que tá tudo certo
Mas não está.

Não está porque não nos entregamos,
Não está porque não arriscamos
Achamos que somos feios

Mas basta um espelho, por mais pequenino,
Para ver o brilho de nossos olhos
E enxergar a grandeza e a
Beleza de nosso eu.

Nunca tema se encontrar
Não tema se olhar nos olhos e dizer:
- Eu amo você!

Hoje eu penetrei nos três castelos.
No castelo do silêncio encontrei o fôlego.
No castelo do conhecimento descobri
Que o castelo do sentimento era minha morada.

E por lá permaneci,
Porque vi que o sentimento
É a sede última da verdade.

5.2.10

Olhos alheios

Quarta foi um dia frustrante. Fui no cinema com amigos depois de tempos indo sozinho, e quando chego lá acabam os ingressos! Frustrados, fomos jogar e comer pizza. Essa foi a oportunidade que eu tive de caminhar pelo shopping e observar as pessoas. Que oportunidade teria de encontrar pessoas tão heterogêneas num mesmo lugar, e observar?  Enfim, observei. E o que vi?

Vi pessoas agindo de maneira anormal em várias ocasiões. Engraçado como existem máscaras. Eu devo ter vestido alguma naquele dia. Devo estar vestindo uma agora, mas isso não vem ao caso. E engraçado como ignoram uns aos outros...Eu busquei os olhos de várias pessoas, e quando encontrei, vi tantas coisas!

Primeiro, eu vi que não estamos acostumados a ser olhados nos olhos, toda vez que olhava alguém, essa pessoa fazia a cara de "será que eu conheço ele?", depois que viam que não, eram várias reações. Alguns viraram a cara, outros franziram a testa, outros olharam pra outro lado indiferentes, e outros continuaram tentando lembrar de onde me conheciam... Ninguém sorriu. (Só os meus amigos, mas isso não vem ao caso).

Engraçado como não estamos acostumados a nos olhar nos olhos, a não confiarmos uns nos outros. É, espero que isso mude.

Outra coisa que eu observei foi a dureza do capitalismo (que o Gentileza definiu bem como capetalismo... rs), como ele pode ser cruel com a gente. Por exemplo, o carinha ou a mocinha que ficam no banheiro o dia todo, limpando nossas sujeiras que deixamos pra trás por falta de educação. Ou então a moça que opera o brinquedinho, em pé, o dia inteiro. Enquanto as pessoas consomem e gastam o que tem e algumas o que não tem, outras pessoas não tem acesso aos produtos e serviços de um shopping.

Outro fato interessante: quando cheguei lá (dia quente, muito quente!), estava vestindo uma camiseta bem chulé, e meu cabelo tava todo embolado (novidade!), e o olhar do segurança foi bem significativo. Depois que troquei de roupa e abaixei a juba, ele não me olhou da mesma maneira... Como o preconceito existe! Esse não é o primeiro caso que ocorre comigo e meu cabelo.

Espero que isso mude. Eu sei que vai, mas quando?

Amigos